No próximo sábado, 22 de março, a partir das 16h, o Baile Sarau–Vá promove 10 horas de festa em Ceilândia, unindo poesia, música e resistência cultural em uma celebração que reverbera as vozes da periferia. A programação, totalmente gratuita, acontece em dois ambientes diferentes e complementares: Pista Porks, resgatando as raízes jamaicanas dos Sound Systems e Beco do Porco, seguindo a linha baile de rua com muito funk e rap. São duas pistas que reúnem, ao todo, 12 poetas, 10 DJs, 2 shows e, como não poderia ser diferente em se tratando do Sarau Voz e Alma, microfone aberto para quem quiser se aventurar na arte da poesia.
As pessoas interessadas no evento podem — e devem — garantir os ingressos por meio do Sympla. A dica é retirar as entradas o quanto antes já que o espaço está sujeito à lotação.
O Baile Sarau–Vá integra a Plataforma de Cultura Periférica, amplo projeto que busca fortalecer as manifestações culturais do DF e conta com fomento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.
Direito à rua
Desde o início, em 2013, o Sarau–Vá surge como um movimento de ressignificação dos espaços públicos e do direito ao lazer na periferia. Cerca de 12 anos depois, o projeto se consolidou como um dos principais espaços coletivos de resistência cultural em Ceilândia, comprovando que as manifestações artísticas periféricas pulsam, resistem e se expandem.
Para Guilherme Azevedo, idealizador do Sarau–Vá e da Plataforma de Cultura Periférica, o evento não é só uma festa, mas um ato político.
“A gente transforma os espaços públicos que ocupa. A Praça da Bíblia é um exemplo disso: há 12 anos, quando começamos o Sarau–Vá, era um lugar sem vida, sem movimento. Hoje, é um símbolo da cultura periférica pulsando. Montar um sistema de som no meio da rua e trazer o público para ocupar é dar vida ao espaço, é mais do que uma festa: é inspirar outras pessoas a entenderem que temos direito à rua, ao lazer, à cidade”, explica o produtor cultural.
Ele ressalta ainda que, enquanto no Plano Piloto os eventos terminam cedo e a mobilidade se torna um obstáculo para quem mora longe, na quebrada, ocupar os espaços públicos é um caminho para garantir o direito ao lazer.
“Se a gente quiser curtir no Plano, precisa se preocupar com a volta, porque não tem metrô, não tem ônibus. Então, transformar um beco ou uma praça da nossa quebrada num lugar de encontro e cultura é reivindicar esse direito. Ceilândia é um vulcão cultural, e O Baile é um espaço para reunir grandes nomes dessa cena, inspirar o público e mostrar que qualquer um pode ocupar a rua, fazer uma festa e produzir cultura”, conclui.
Representatividade
O que torna o Baile ainda mais representativo é a diversidade e potência dos artistas que fazem parte dessa programação. Rafinha Bravoz, do grupo VeiOeste, por exemplo, vê o Sarau–Vá como um grito de liberdade para a cidade. “O Sarau–Vá foi um transbordo do íntimo daqueles que eram silenciados. Ele nos ensinou que nossa maior potência é ser quem somos e ocupar nossos espaços”, afirma o rapper que também é fundador do Sarau Voz e Alma.
Cristyle, artista de Ceilândia, destaca a importância do Sarau para a cena cultural local. “O Sarau–Vá é um ambiente que fortalece nossa cultura, dá visibilidade para as vozes da periferia e mantém viva a arte urbana da cidade”, comenta.
Além da participação como poeta, ela assume as pickups em um back-to-back (B2B) com DJ Kliff, um veterano com mais de 10 anos na cena do DF. “Nosso set será uma celebração da resistência e da cultura negra, conectando ritmos que carregam nossa ancestralidade africana. Faremos uma retrospectiva do hip-hop e suas vertentes, além de incorporar batidas africanas ao som dos morros, com a força do funk. A ideia é construir uma fusão sonora que represente a energia das ruas em diáspora”, finaliza Cristyle.
Sobre a Plataforma de Cultura Periférica
A segunda edição da Plataforma de Cultura Periférica expande as fronteiras do Sarau–Vá, promovendo projetos culturais para além de Ceilândia, com ações em São Sebastião e Samambaia.
“A ideia da Plataforma é fornecer uma força estruturante que potencialize eventos emblemáticos das periferias do DF, conectando diferentes manifestações culturais e fortalecendo iniciativas já consolidadas”, aponta Guilherme.
O Festival Reggae na Praça – 10 anos, ocorrido em 9 de março, deu o pontapé ao calendário de projetos. O evento foi uma grande celebração do reggae e da cultura local de São Sebastião. Em abril, o Perifa Runway, evento dedicado à moda sustentável e periférica, ocupa o Complexo Cultural de Samambaia.
Programação – O Baile Sarau–Vá:
Pista Porks:
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16h – DJ Diafreeka
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17h – SoundSystem com I Cris e Negra Eve
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18h – DJ Diafreeka
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20h – DJ Odara
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22h – Poesia: Luiza Mil Fitas, Benedita, Zahir, Negro Vatto, Nathália Falcão, Rub3ns MC No Beat
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23h – Chiquin – Batidão Sonoro
Pista Beco:
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17h – Negritah
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18h – Poesia: Palito, Cristyle, Ayoola, Fillipe Costta, Zapatta, Poeta do Século Errado
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19h – VeiOeste
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21h – Kliff + Cristyle
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22h – Grazzy
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00h – Rub3ns + Jay Lee
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01h – Jwellz
Serviço – Sarau–Vá: O Baile
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Data: 22 de março de 2025
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Horário: 16h às 02h
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Local: Porks Ceilândia e Beco do Porco
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Entrada: Gratuita, mediante retirada de ingresso no Sympla
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Mais informações: @sarauvozealma e @plataformaperiferica