Quem conta um conto, aumenta um ponto:
Por Marina Figueiredo
Hoje me deu uma vontade danada de voltar a escrever minhas crônicas. No Espiritismo – religião e doutrina que sigo há mais de 20 anos – se fala que “o telefone toca de lá pra cá, nunca de cá para la”. E na hora de escrever uma crônica é assim que acontece. Não adianta ir atrás da inspiração. Ela vem na hora que quer.
O tema da crônica de hoje, não fala: ela grita dentro de mim! Com vocês: a maternidade. Aliás, como seria diferente? Tenho 4 filhos. Você tem alguma amiga, prima ou conhecida próxima que tenha 4 filhos? Eis me aqui!
Comecei cedo! Quando tinha 14 anos, engravidei do 01, meu Matheus; hoje com 27 anos e pensei: “não devo ter outros filhos, ou quem sabe, muito lá pra frente , quando minha vida estiver totalmente estabilizada”. Doce ilusão a minha. Tive filhos em todas as décadas da minha vida. Com 15, 27, 38 e 40 anos.
Quando falo que engravidei com 14 anos, dizem: “nossa, deve ter sido muito difícil”. E sempre digo: “Que nada, foi a gestação e a maternidade mais fácil das quatro.” Afinal, tinha os meus pais para “maternar” comigo. Ah, preconceito? Se sofri, não vi e nem senti – estava muito feliz e ocupada para perceber.
Aos 27 anos, veio a minha menininha: a Sol, a 02. Uma bebê linda, sorridente, companheira. Aonde eu ia, ela ia junto. Quase uma adulta, com energia de criança, num corpo de bebê. Não me lembro de ter me dado trabalho quando pequena. Bem que dizem que as meninas são mais calmas. Desde sempre, era madura. Líder nata e “dona da p*** toda”. Comandava a sala de aula. Até hoje é assim. Aliás, atualmente com 15 anos -, rosto, corpo e mente de 23. Juro.
A maternidade dos meus dois últimos babies, veio depois dos 35. Eu já era uma mulher independente, sem mamãe e papai para ajudar. O negócio ficou sério! Casada, morando da minha própria casa, não há direito à “ajuda dos universitários”. Os ônus e os bônus são exclusivos do casal, com grande sobrecarga à mãe (afinal, o pai não tem um par de peitos, nem o cheiro e o colo mais aconchegantes do mundo).
O momento mais difícil da minha vida foi quando o 03, Marcelinho estava com 1 ano e 10 meses e eu descobri que estava grávida. Detalhe: o meu marido era vasectomizado. Que pânico, aliás me senti “a adúltera” por 2 horas (sem jamais ter traído meu marido). Isso até o Marcelo Pai fazer o espermograma e aparecerem exatos 39 milhões de espermatozóides (Ufa). Neste contexto, Marcelinho era bebê e, sem dúvida, o filho que mais me deu trabalho – desde recém nascido, mamava sem parar, andou com 9 meses e é a criança mais ativa que conheci até hoje. A agitação é proporcional ao amor que ele desperta em nós, desde a primeira vez que o senti no meu ventre.
Ir ao shopping ou mercado com ele? Impossível. Ele fugia, escalava as prateleiras, jogava mercadorias nos carrinhos alheios, fugia do mercado em direção à pista. E quando descobri a gravidez do 04, projetei na minha mente, a possibilidade do novo baby também vir ligado nos 220. O amor pelo Miguelzão transbordava no peiito e o desespero me assolava.
Tadinha de mim, nem sabia que o mais difícil estava por vir. Quem teve filhos com a diferença de poucos meses, sabe o que estou falando. O caos instalou-se. Isso tudo somado à privação de sono, puerpério, ausência de licença maternidade (isso mesmo, Miguelzão nasceu no sábado e segunda estava trabalhando normalmente, em home office). Quando um bebê chorava, acordava o outro. Eles choravam em coro e revezavam os peitos. Um tossiu? O outro acordou. Minha vida parecia um filme de comédia para quem está vendo de fora. E um drama para quem vivia. Meu maridão e minha 02, Solzinha, sabem bem. Aliás, eles que estão na linha de frente com a mamãe aqui.
Ah, outra saga na vida de uma “mãe de quatro” chama-se babá. Mas isso dá enredo para umas novas 10 crônicas. Entendedores entenderão.
Hoje, tudo é mais calmo. Mas, do nada, tudo muda e o caos se instaura. Marcelinho e Miguel são carne e osso. Correm tão rápido que vou começar a treiná-los para corridas mirins (vocês não imaginam o que fazem comigo nos corredores do supermercado). Sorte minha de ter minha filhota, Solzinha, que tanto me ajuda nessa saga, além do meu marido e companheiro de vida, que sabe que rapadura é doce, mas não é mole. Ah, ele já fez a segunda vasectomia, fiquem tranquilos (ou não).
05, lamento. Só na próxima encarnação agora.