Cleber Lopes, conhecido por sua longa trajetória como advogado e por sua atuação em defesa de prerrogativas, deu início ao debate ressaltando que a sustentação oral não se resume a uma técnica jurídica. “A sustentação vai além de uma boa apresentação no tribunal; é uma habilidade que deve ser cultivada ao longo da carreira, com lealdade processual e foco em uma conversa franca com o julgador”, afirmou. Para ele, a sustentação oral, assim como a advocacia em geral, requer criatividade e profundo conhecimento dos temas tratados. “A criatividade do advogado é o que transforma a jurisprudência”, acrescentou.
Lopes também fez uma comparação curiosa entre a sustentação oral e uma apresentação musical. “Assim como em uma banda, cada parte da defesa deve ser trabalhada em harmonia. Uma boa sustentação começa com uma introdução estratégica que prenda a atenção do tribunal e conduza, de forma lógica, aos argumentos centrais”, destacou. Ao longo de sua fala, o advogado reforçou que, mesmo com a chegada da IA, a capacidade humana de improvisar e transmitir emoção continua sendo uma vantagem essencial nos tribunais.
Outro ponto importante levantado por Cleber Lopes foi a diferença entre os estilos de sustentação oral. “Existem advogados com estilos mais folclóricos e outros com uma abordagem mais técnica. Ambas podem ser eficientes, mas o que importa é a preparação. Até para improvisar, é preciso estar bem preparado”, afirmou.
A humanização na era da Inteligência Artificial
A advogada Indira Quaresma, também palestrante no evento, trouxe uma perspectiva leve e didática sobre a humanização da prática jurídica em tempos de IA. Em tom descontraído, mencionou que Siri e ChatGPT não vão substituir os advogados, fazendo referência às ferramentas tecnológicas que, segundo ela, podem ajudar na organização de dados e na execução de tarefas repetitivas, mas jamais substituirão a empatia e o raciocínio humano.
Indira relembrou sua própria trajetória de sucesso nos tribunais e enfatizou que, embora a tecnologia seja uma aliada importante, especialmente para tarefas operacionais, a presença humana é insubstituível quando se trata de convencer e cativar o julgador. “A advocacia não é profissão para covardes. Quem dominar a arte da sustentação oral, utilizando técnica e humanização, terá um espaço cativo nos tribunais”, afirmou. Ela também ressaltou a importância de vencer o medo de falar em público, uma barreira comum para muitos profissionais, especialmente os mais jovens. “A oratória é uma arte que pode ser aprendida”, defendeu, incentivando os advogados a buscarem constantemente o aprimoramento de suas habilidades de comunicação.
O uso da IA como ferramenta para expandir o repertório dos advogados foi reforçado pelos debatedores, que citaram o Legal Design e a neurociência aplicada como formas de inovar na prática jurídica. Contudo, unanimemente, reiterou-se que a máquina não tem a capacidade de replicar a sensibilidade e o senso crítico necessários para a sustentação oral. “A tribuna é um espaço que exige preparo e profundidade. A IA pode facilitar o acesso à informação, mas a capacidade de concatenar ideias e tocar a alma de quem ouve ainda é humana”, concluiu Quaresma.
Cleber Lopes: Pré-candidatura à OAB/DF
Além de seu papel como mediador do evento, Cleber Lopes também tem ganhado destaque nos bastidores da advocacia brasiliense como pré-candidato à presidência da OAB/DF. Ao longo de sua carreira, Lopes tem sido um defensor da modernização da Ordem. Em sua pré-candidatura, tem se posicionado como uma voz que busca equilibrar a inovação tecnológica e a congruência entre gerações com o fortalecimento das práticas tradicionais da advocacia.
O evento não apenas promoveu uma rica troca de conhecimentos entre os participantes, mas também reforçou a importância do diálogo entre tecnologia e humanização na prática jurídica, um tema que certamente continuará a ganhar relevância nos próximos anos.
Embora a Inteligência Artificial traga grandes avanços ao mundo jurídico, a advocacia continua sendo uma profissão profundamente humana, que depende da sensibilidade, preparo e criatividade dos profissionais. A sustentação oral, especialmente, é um espaço em que a tecnologia pode ser uma aliada, mas nunca uma substituta para a capacidade única dos advogados de influenciar e emocionar por meio da palavra.