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B-boy Samuka, do Recanto das Emas, é sucesso mundial na internet

A participação empolgante do b-boy Samuka ganhou as redes e encheu os brasileiros de orgulho, em especial, os moradores das cidades do Recanto das Emas e Ceilândia, do DF.

Por inovabr
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B-boy Samuka, do Recanto das Emas, é sucesso mundial na internet

Nos últimos dias, quem tem internet no Brasil teve acesso a um vídeo de um b-boy fazendo o público e os jurados do programa “América’s Got Talent” irem à loucura. A personagem dessa história é o dançarino Samuka.

 

Samuel Henrique é inspiração pura. O dançarino que saía da escola ansioso para treinar passos de break dance na adolescência deixou claro desde muito cedo que seu destino era os palcos, as batalhas e as rodas com parceiras e parceiros de diferentes quebradas. Os desafios não foram poucos. Após perdas de familiares no fim da infância, o jovem Samuel lutou contra um câncer no fêmur. A doença culminou na amputação de uma de suas pernas. Poderia ser um impedimento para o futuro? Sim, mas com muita sobriedade e garra ele começou a ter aulas de dança, conquistando a confiança em si mesmo e nos mestres, tomando pra si uma nova realidade, que transita entre a arte da dança e o esporte.

 

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Ao longo dos anos, as experiências de Samuka, seja com o DF Zulu BreakersILL Abilities e a Companhia Hervé Koubi em campeonatos e eventos diversos foram aumentando e isso fez com que hoje o profissional tenha um currículo invejável. Pensa que acabou? Ele participou do Undisputed, numa ação Japão/Brasil, do Outbreak, na Eslováquia, do Notorious IBE, na Holanda, Lille World Battle, na França, Dpc Jam, na Suíça, World Bboy Classic, também na Holanda, Freestyle Session, nos Estados Unidos e Radikal Forze Jam, em Singapura.

 

MAS CALMA, TUDO COMEÇOU NUMA TAL DE RECANTO DAS EMAS…

 

“Eu nasci e cresci no Recanto das Emas até meus 13 anos de idade, que foi quando precisei amputar a perna. Depois minha família se mudou para Ceilândia por um tempo. Eu quero representar as quebradas, sou do Recanto, sou de Ceilândia, sou do DF”, comenta.

 

Dos 14 aos 16 anos, Samuka passou a treinar todo dia. Como nem tudo no Brasil é fácil, precisou dar um tempo no break e trabalhou um tempo como jovem aprendiz de uma loja de departamentos. Nesse período, uma entrevista para o jornalista Diego Ponce de Leon mudou tudo. Ao se ver como destaque na reportagem, a chama da arte reacendeu e fez com que entendesse que o que precisava era assumir a dança como filosofia de vida, afinal, foi o que o ajudou a superar a perda da perna num período tão delicado.

 

“Em 2016, depois dessa entrevista, a minha ficha caiu. Eu entendi que era necessário aceitar a deficiência. A minha perna não iria voltar e eu sabia fazer algo. Eu era bom em alguma coisa! Voltei ao break, comecei a jogar basquete na cadeira de rodas. Uma experiência que me ajudou muito. Com o basquete viajei e fui campeão brasileiro no Parapan Juvenil. Nesse período recebi o convite das Olimpíadas Rio 2016. Me apresentei como b-boy lá e comecei a ganhar dinheiro com meu ofício. Isso abriu minha mente”, explica Samuka.

 

Logo o atleta e dançarino entendeu que para que as oportunidades surgissem ele precisava estar nos lugares. Precisava se mostrar, se jogar e dançar o break com o maior gás possível. E foi aí que seus vídeos começaram a circular na internet. Isso culminou em sua primeira viagem internacional para fora do brasil em 2017.

 

Lá foi ele tirar o passaporte para a Alemanha. E como coisa boa atrai coisa boa, da Alemanha para os EUA não demorou muito. Participou de campeonatos, palestras motivacionais e trabalhos diversos. Nessa de viajar e estar nos lugares certos e na hora certa, recebeu convite para participar do filme “Dançarina Imperfeita”, da Netflix.

 

Depois da pandemia, o desejo de participar de uma companhia de dança profissional passou a ganhar força. Por meio de uma viagem ao Rio de Janeiro, soube de uma companhia francesa que selecionava dançarinos. Após um processo de audições, o Samuel do Recanto das Emas, de Ceilândia e do DF passou a ser o Samuka do Brasil, passando a morar em Calais, cidade do norte da França.

 

“Hoje tenho residência francesa por meio do consulado e divido uma casa com um colega de companhia. Fazemos muitos shows de teatro na Europa e nos Estados Unidos. Eu sou obcecado com meu trabalho. Essa fome de trabalho, essa sede de treinamento me ajudou a abrir essas portas. Se eu tô aqui com uma única perna e a coisa tá acontecendo, não pode ser a tôa tudo isso. Amigos que cresceram comigo na periferia do DF hoje moram em Portugal, seguem também suas carreiras e isso estimula os outros”, detalha.

 

Por mais que Samuka esteja na França, os vínculos criados com os grupos do DF não se perderam. Ter a consciência de que aprendeu com amigos da quebrada faz com que essa relação exista com muito respeito e afeto.

 

Uma coisa não podemos negar… As regiões administrativas da parte sul do DF têm algo muito forte com a arte que brota nas periferias. A cidade de Ceilândia é conhecida como a mais independente cidade do DF, seja pelo movimento hip hop, da cultura nordestina ou sendo tema de filmes e séries de TV. Já a cidade de Samambaia é conhecida por exportar atores, atrizes, comediantes e grupos de quadrilhas juninas para festivais e campeonatos do Brasil e o mundo. Ficou a cargo do b-boy Samuka a responsabilidade de levar o nome do Recanto das Emas para o Google e os buscadores de internet. Nunca se procurou tanto pelo título “Recanto das Emas” como agora, depois dos vídeos virais do dançarino bombarem nas redes.

 

E COMO FOI NO AMÉRICA’S GOT TALENT?

 

Primeiro, é importante explicar que como um reality de televisão, o processo seletivo é complexo e cheio de etapas. Produzido pela emissora NBC, o “América’s Got Talent” conta com pessoas de diferentes partes do mundo com o sonho de mostrar o que sabem fazer numa chance que é única de subir ao palco da atração.

 

Gravado num estúdio que simula um teatro, o programa proporciona que os participantes conheçam o palco rapidamente antes das câmeras ligarem. Sobre os bastidores, revela:

 

“Tudo é muito rápido. Eu cheguei um ou dois dias antes do show, fiz reconhecimento do palco, passei a coreografia, vi como era o piso e me ambientei. Treinei muito no palco do hotel ou em qualquer espaço que tivesse um piso liso que fosse o mais parecido possível”.

 

E, claro: uma das alegrias de Samuka foi encontrar o apresentador Terry Crews e isso por si só é um episódio à parte dessa história:

 

“No dia do evento eu só pensava em ver o Julius (nome do personagem do ator no seriado ‘Todo mundo odeia o Chris’). Eu queria ver o Julius! Pow… o cara fez ‘As Branquelas’! Na entrevista da seletiva eu disse que gostava muito dele e, para minha surpresa, nos bastidores ele chegou e tocou no meu ombro. O cara veio falar comigo todo feliz dizendo que amava o Brasil. Uma figura… Aí ele vai e compartilha meu vídeo?! Valeu a pena demais!”

 

Nessas tantas experiências profissionais, Samuka chegou a participar do programa de Xuxa Man3ghel na Record, onde chegou a ganhar da apresentadora uma prótese, que hoje possui tecnologia não condizente com sua atual realidade. Isso acontece porque o corpo evolui, ganha massa, perde massa e as pernas mecânicas ou próteses têm uma certa validade. Para a atividade que o artista exerce no momento, uma nova prótese mais leve, com estrutura mais ergonômica poderia ajudar bastante, visto que há um esforço físico nos braços para sustentar o ritmo do artista.

 

“Eu uso muito os braços para compensar a ausência da perna. Eu caminho com meus braços, neh?. Isso gera um cansaço físico, claro. Se eu tivesse uma prótese mais moderna hoje, com certeza facilitaria minha vida fora dos palcos… No dia a dia mesmo. Assim, pouparia meus braços para poder usá-los com segurança nos momentos dos treinos e das apresentações. Porque, na verdade, eu não descanso eles. Quando não tô apresentando, sigo usando meus braços como apoio e como meio de locomoção. Hoje, uma prótese nova já é uma necessidade”, reforça.

 

Naturalmente, o trabalho de um artista e de um atleta requer patrocínios específicos, desde tênis mais modernos e ergonômicos a acessórios que facilitem o trabalho, como munhequeiras, joelheiras, faixas para reter suor na testa em apresentações e afins. Basta pensar que quando Samuka vai comprar sapatos ou tênis, por exemplo, não há desconto das lojas pelo fato de usar apenas um lado do par… e como não se pode vender apenas um pé, ele acumula vários pares que não são usados, gastando por algo que não consome. Além disso, há um desgaste natural das roupas usadas nos ensaios e nas apresentações e ele usa seu arquivo pessoal para isso. Caso representantes de marcas de roupas, calçados e acessórios queiram fortalecer o rolê e contribuir, basta entrar em contato com o bboy pelas redes ou pela sua assessoria, pois é sabido que as organizações dos eventos pagam os deslocamentos, mas há despesas de alimentação e deslocamento interno, por exemplo.

 

E para 2024 muita novidade está por vir… Festivais, competições de renome, trabalhos com a companhia na França e a nova etapa do “América’s Got Talent”. Se prepare porque ele não vai parar!

 

É do DF que eu sou. É no DF que me reconecto de um jeito cabuloso com minhas origens”, finaliza o b-boy Samuka do Brasil.

 

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Instagram: @bboysamuka

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