O amor em diferentes nuances na sociedade atual ganha amplo debate na coletânea “Relações amorosas, terapia de casais e análise do comportamento”, organizada pelas psicólogas Lorena Bezerra Nery e Marianna Braga (editora Appris). Questões raciais, diversidade de gênero, relacionamento não monogâmico, sexualidade e envelhecimento e o uso de tecnologias e aplicativos de relacionamento estão entre os temas abordados por 26 especialistas. O lançamento será no dia 4 de abril, na Biblioteca Nacional de Brasília (Setor Cultural Sul – Lote 2), das 17h às 22h.
O livro traz também reflexões sobre o grande quebra-cabeça que envolve as relações amorosas, como comunicação, recursos para diferenciar relações amorosas saudáveis ou não, perdão e transformações nas relações com a chegada dos filhos. “Entendemos amor, em nosso livro, a partir da perspectiva de Bell Hooks (escritora e ativista) como ação comprometida de cuidado. E consideramos que o equilíbrio de poderes, direitos e responsabilidades é um pré-requisito para relações de respeito entre as pessoas. Os movimentos sociais feministas, antirracistas e LGBTQIAPN+ buscam ativamente reparar injustiças, desigualdades e situações de opressão/violência historicamente estabelecidas em nossa cultura. Nesse sentido, eles nos ensinam o amor em movimento, que, muito mais do que um bom sentimento direcionado a alguém, é atitude, é comportamento amoroso”, diz Lorena, mestra em Ciências do Comportamento pela Universidade de Brasília (UnB).
Com análises reflexivas e relatos de experiências profissionais em psicoterapia e terapia de casais, o livro se aprofunda na liberdade de amar. E mostra que longe de estar garantida, ela precisa ser preservada e protegida ativamente pelo direito de todos e pela ética amorosa das escolhas diárias. “A psicoterapia e a terapia de casais são importantes contextos de aprendizado e refinamento de repertórios necessários ao desenvolvimento de relações amorosas saudáveis”, destaca Lorena. Em 16 capítulos há desde artigos sobre atendimento a casais LGBTQIAPN+, amor em tempos de Tinder, comportamentos dos homens em relacionamentos heteroafetivos e relações não monogâmicas. O público-alvo do livro são terapeutas, psicólogos, estudantes de psicologia, outros profissionais de saúde que atuam na área e interessados no tema.
“Sobre a monogamia, os autores nos ensinam que, na história humana, a domesticação de animais – especialmente o gado – foi oportunidade para o acúmulo de riquezas. E a consolidação da família monogâmica se tornou necessária para garantir a manutenção do patrimônio, que inclusive, vem da palavra latina patrimonium que quer dizer “herança do pai”. Para manter essa condição foi feito o controle da sexualidade das mulheres a partir da exigência de fidelidade (dela), que procurava assegurar a paternidade biológica em uma família. Mas a monogamia não é o estado “natural” dos relacionamentos humanos e sim uma construção social cujo status de norma foi instituído a partir da criação da propriedade privada”, explica Marianna, especialista em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC).
Sobre as organizadoras: Lorena Bezerra Nery é psicóloga e supervisora clínica, com experiência no atendimento a adultos, casais e famílias. Graduada em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB). Mestra em Ciências do Comportamento – UnB. Especialista em Análise Comportamental Clínica pelo IBAC (Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento) e psicóloga da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.
Marianna Braga de Oliveira Borges é psicoterapeuta, graduada em Psicologia pelo Centro Universitário de Brasília. Especialista em Análise do Comportamento pelo IBAC. Atua como psicóloga e supervisora clínica desde 2007, com experiência no atendimento de adultos, adolescentes, famílias e casais.