A condição maligna que afeta o fígado conhecida como hepatocarcinoma (HCC) é o quinto tipo de câncer mais comum em homens e o sétimo em mulheres, diagnosticado todos os anos em mais de meio milhão de pessoas por todo o mundo. Esse tumor costuma ser agressivo — que é quando há o acometimento geral do fígado, causando a disfunção do órgão e compressão de estruturas nobres, podendo levar ao óbito.
Por isso, a conscientização sobre as opções de tratamento disponíveis é fundamental na luta contra a doença, e abordar temas como qualidade de vida da população e sobrevida do paciente oncológico faz a diferença para quem busca por mais de uma opção terapêutica. “Para chegar ao melhor método de tratamento e por depender de diversos fatores, incluindo o estágio do câncer e a saúde geral do indivíduo, é necessário uma explicação sobre as opções disponíveis e indicadas para cada estágio do carcinoma, além da abordagem sobre os possíveis efeitos colaterais”, comenta o Dr. Felipe Nasser, radiologista intervencionista.
Um dos tratamentos disponíveis no Brasil para esse tipo de câncer é a radioembolização, indicada apenas para pacientes com tumores hepáticos nos quais o fígado é o único ou principal local da doença. O procedimento injeta milhares de microesferas contendo um isótopo radioativo (ítrio- 90 ou Y-90) diretamente nos tumores, por meio da artéria hepática, destruindo as células cancerígenas enquanto preserva os tecidos saudáveis ao redor.
Outra opção é a imunoterapia, que consiste no uso de medicamentos que auxiliam o próprio corpo a combater as células malignas, explorando a capacidade do sistema imunológico em distinguir entre células normais e cancerosas. Porém, em certos casos, o tumor consegue evitar o ataque e o mecanismo de ação desses medicamentos pode desencadear uma resposta autoimune.
Já a quimioterapia, um dos métodos mais populares, é o tratamento feito com medicamentos que destroem as células cancerígenas. Consiste na utilização de terapias que eliminam as células e impedem que se espalhem e se multipliquem no organismo. É um abordagem sistêmica que torna possível o controle do câncer e aproxima o paciente da cura, alcançada apenas com remoção do tumor ou transplante hepático. “Avanços recentes indicam que a combinação de tratamentos pode ser mais benéfica do que depender exclusivamente de um único agente quimioterápico”, comenta Nasser.
Estudos clínicos mostram que é possível associar a quimioterapia com a radioembolização, trazendo bons resultados para o paciente em tratamento. Em algumas situações, para pacientes que não respondem ao tratamento quimioterápico, a radioembolização pode ser implementada com baixos efeitos colaterais.
Para um pequeno número de pacientes, o tratamento pode causar redução suficiente do tumor para permitir a remoção cirúrgica ou enquadramento nos critérios de transplante de fígado. O tratamento está listado no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde (ANS), o que significa que todos os usuários dos planos de saúde no Brasil têm acesso à radioembolização para tratar o hepatocarcinoma.
Mesmo com diversas opções de tratamento para o HCC, a equipe médica indica o melhor método de forma individualizada, dentro do contexto de saúde de cada um. “É claro que quanto menos invasivo, melhor. Porém, até os métodos mais severos podem ser indicados para pacientes com perspectivas de controle da doença. Dentre todas essas modalidades de tratamento, é importante a avaliação médica com a melhor indicação para cada tipo de paciente e estágio do tumor”, finaliza Dr. Felipe.